Um bom personagem é aquele que consegue envolver e te convencer de sua personalidade através da narrativa, e escrevê-lo não é um trabalho fácil, exige dedicação e principalmente muita atenção. Mas como podemos desenvolver um personagem? Protagonista ou secundário, o que torna um personagem convincente?
Separei aqui algumas dicas para te ajudar nesse processo, mas lembre-se, o personagem é seu, e você precisa conhecê-lo!
Não existem fórmulas, cada autor segue uma técnica para escrever e desenvolver seus protagonistas. Escolher um sistema que você tenha facilidade e te agrade é muito importante; então vamos para as dicas:
1 – Desenvolva as características, personalidade e identidade:
Definir as características comportamentais do seu personagem é muito importante para torná-lo interessante e familiar para o público. Mostre seus defeitos e qualidades, permitindo que o público crie expectativas sobre seu desenvolvimento na história.
A identidade do personagem deve refletir como ele vê o mundo, seus objetivos futuros e os rótulos que o definem. Detalhes físicos, como cor do cabelo e altura, ajudam os espectadores a visualizarem o personagem.
2 – Evite estereótipos:
Um ponto importante na criação de personagem é fugir do óbvio, isto é, clichês e estereótipos. Embora seja interessante se inspirar em personagens clássicos para desenvolver a sua obra ou campanha publicitária, é importante sempre inovar e ir contra o senso comum para que eles sejam únicos.
O fato é que o mercado moderno não aceita mais personagens estereotipados como aceitava no passado. Eles já foram vistos milhares de vezes, portanto já não geram mais o mesmo impacto de antes.
Uma estratégia útil para evitar os estereótipos é desenvolver traços que contrastem com as principais características do mercado ou setor que você pretende inserir o personagem.
Um exemplo de filme brasileiro que foge dos estereótipos tradicionais é “Que Horas Ela Volta?”, dirigido por Anna Muylaert. O filme conta a história de Val, uma empregada doméstica que trabalha para uma família rica em São Paulo. A trama aborda questões como desigualdade social, relações de poder e o papel da mulher na sociedade brasileira de uma maneira sensível e realista. Val não é apenas uma empregada submissa, mas sim uma mulher forte e determinada, que luta para melhorar a vida de sua filha.
O filme subverte a ideia do estereótipo da empregada doméstica, apresentando um personagem complexo e multifacetado, o que o torna uma obra única e impactante dentro do cinema brasileiro.
3 – Crie o personagem a partir do cenário:
Muitos autores criam primeiro o universo onde a história se passa para depois idealizar os personagens. Essa construção pode facilitar muito na hora da narrativa. Dessa forma, o personagem será estabelecido pelo contexto.
Um bom personagem se relaciona diretamente a uma boa narrativa. Se o personagem for fraco, a narrativa muito provavelmente também será. A construção de um se liga sempre a construção do outro, tente não focar apenas em um.
4 – Mostre suas fragilidades:
Você já se pegou torcendo pelo sucesso de um personagem, mesmo sabendo que ele tinha suas falhas e fraquezas? Isso acontece porque personagens imbatíveis, sem defeitos ou desafios reais, simplesmente não nos cativam. Nós nos conectamos com aqueles que enfrentam dificuldades, que têm seus momentos de fraqueza e que, mesmo assim, lutam para superar seus obstáculos. Como foi dito no desenvolvimento do artigo, as pessoas consomem aquilo que se identificam de alguma forma.
Portanto, é fundamental estabelecer pontos fracos e imperfeições, principalmente que seja humanas, isto é, que pessoas comuns vejam e se identifiquem. As fragilidades dão profundidade ao seu personagem, tornando-o mais realista e próximo do público e, é claro, adicionando tensão à narrativa.
Considerações finais sobre criação de personagens
Para muita gente, criar personagens é algo difícil. Para outros, é a parte fácil, enquanto a produção de uma trama envolvente é um pesadelo. Afinal, há escritores que começam por personagens e outros que iniciam por situações. Basta estabelecer as características dominantes e a contraditória, o objetivo, a motivação e a linha do tempo, contendo de três a cinco eventos significativos, e tudo estará resolvido.
Por fim, é sempre válido buscar inspiração em pessoas reais, em outras obras de ficção ou até mesmo em elementos da sua própria vida para criar personagens autênticos e memoráveis.
Espero que essas dicas te ajudem a criar personagens interessantes e bem desenvolvidos para as suas histórias. Lembre-se de que os personagens são o coração da sua narrativa, e que quanto mais você se dedicar a conhecê-los e aperfeiçoá-los, mais você vai envolver e emocionar os seus leitores. 🙂
