O que é o corte seco?

É o tipo de corte mais comum na edição de vídeo. Também conhecido como hard cut ou, como chamamos, corte seco, é um corte sem efeitos de transição. Usado quando se tem uma sucessão de imagens dentro do enredo.

Christian Metz salienta, em seu modelo de “grande sintagmática”, que, se o corte seco intervém no interior de um segmento autônomo (uma sequência de planos), ele não tem valor de pontuação; mas tem esse valor quando está situado entre dois segmentos. Quando não comporta efeito ótico materializado, como uma fusão, por exemplo, ele é qualificado de “pontuação branca”.

A pontuação branca nada mais é do que um tipo de corte que não tem nenhum efeito especial entre as cenas. É um corte simples e direto, usado para dar continuidade à narrativa.

Corte seco e a continuidade de movimento!

Ao unir duas cenas utilizando corte seco (corte simples, sem utilizar efeitos de transições, como dissolver, por exemplo), atentar sempre para a continuidade do movimento.

Supondo por exemplo uma cena A, onde um garçom começa a encher um copo com vinho, sendo mostrado em um plano médio em que aparece além dele, também uma outra pessoa e o copo. 

A cena B é um close do copo sendo enchido. Na gravação, será feita uma tomada (take) do copo em close sendo enchido desde o início. Porém na edição, haverá erro de continuidade de movimento se o copo aparecer na cena B com bem menos líquido do que estava quando a cena A foi cortada. 

Este é um exemplo simples, mas o conceito pode ser aplicado a qualquer junção de cenas através de corte seco onde haja continuidade de movimento. 

Criando tensão com cortes e sobreposições

Existem exceções no entanto, quando se quer criar um efeito dramático de suspense, como ocorre em filmes onde alternam-se por exemplo as imagens da vítima e do monstro que caminha em sua direção vagarosamente, sendo que propositadamente a imagem do monstro volta sempre alguns segundos para trás, sobrepondo-se ligeiramente à imagem mostrada anteriormente, para ampliar o suspense.

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marciosoares

Márcio Heleno Soares é realizador de cinema, roteirista e produtor. Dirigiu os curtas Memórias de um Celular (2008), Lambari (2012), Não Há Gatos na Casa (2013), Azul Prussiano (2016). Foi produtor dos longas “O Cineasta” de Leandro Martins e “Planeta Escarlate” de Dellani Lima. Recebeu diversos prêmios incluindo o de melhor filme no Vivo Arte.Mov 2008 e Melhor Curta na Mostra Municípios do Goiânia Mostra Curtas. Seus trabalhos já foram exibidos em grandes festivais brasileiros como Festival do Rio, Tiradentes e Cine Ceará. Atualmente é diretor de produção da UNEC TV e um dos organizadores da Mostra Nacional de Cinema de Caratinga – Olhares do Interior. Em 2020 compôs o corpo de jurados do Festival de Cinema CINEFORTE da Paraíba.

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