Entenda a importância da regra dos 180° na cinematografia!

Afinal de contas, o que é a regra dos 180º?

A regra dos 180° é um princípio que estabelece uma linha imaginária entre os personagens em uma cena. Os cineastas devem manter a câmera sempre do mesmo lado dessa linha para garantir que a perspectiva visual dos personagens permaneça consistente. Isso significa que a câmera não deve cruzar essa linha, a menos que haja uma mudança de cena clara o suficiente para que o público entenda a nova orientação espacial.

Por que é tão importante?

A regra dos 180° é importante porque ajuda a evitar confusão visual para o público. Manter a câmera sempre do mesmo lado da linha de ação garante que os personagens pareçam estar olhando na mesma direção, mesmo que não estejam na mesma cena. Isso ajuda a manter a orientação espacial clara e facilita a compreensão da relação entre os personagens e o ambiente ao seu redor.

Como usar a regra dos 180°?

Para usar a regra dos 180°, os cineastas devem estabelecer uma linha de ação imaginária entre os personagens em uma cena e manter a câmera sempre do mesmo lado dessa linha. Se for necessário mudar de lado, isso deve ser feito de forma clara e deliberada, para que o público entenda a nova orientação espacial. O uso correto da regra dos 180° pode ajudar a criar uma narrativa visualmente coesa e envolvente para o público.

Como respeitar essa regra usando 3 personagens?

Para respeitar a regra dos 180° com três personagens em uma cena, você precisa estabelecer duas linhas imaginárias diferentes, uma para cada par de personagens. Por exemplo, imagine três personagens A, B e C, posicionados em um triângulo imaginário. A linha imaginária entre A e B é a primeira linha dos 180 graus. A linha entre B e C é a segunda linha dos 180 graus.

Durante a cena, a câmera deve alternar entre os lados dessas linhas, nunca cruzando-as. Assim, você mantém a orientação espacial dos personagens clara para o público. Se precisar mostrar um ângulo diferente, mova a câmera para o outro lado do triângulo, respeitando sempre as linhas imaginárias dos 180 graus entre os personagens.

Toda regra tem sua exceção!

Claro que, como diretor do seu próprio filme, você pode escolher se quebra ou não a regra dos 180° como um recurso estético ou narrativo. Há filmes que brincam com isso como O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick, para criar uma certa narrativa — no caso para mostrar a loucura de Jack Torrance.

Lembre-se que, num primeiro momento, essa quebra causa confusão no público, que pode não entender de primeira a ideia que você quer passar, então, nesse caso, o planejamento ainda é uma mão na roda.

marciosoares

Márcio Heleno Soares é realizador de cinema, roteirista e produtor. Dirigiu os curtas Memórias de um Celular (2008), Lambari (2012), Não Há Gatos na Casa (2013), Azul Prussiano (2016). Foi produtor dos longas “O Cineasta” de Leandro Martins e “Planeta Escarlate” de Dellani Lima. Recebeu diversos prêmios incluindo o de melhor filme no Vivo Arte.Mov 2008 e Melhor Curta na Mostra Municípios do Goiânia Mostra Curtas. Seus trabalhos já foram exibidos em grandes festivais brasileiros como Festival do Rio, Tiradentes e Cine Ceará. Atualmente é diretor de produção da UNEC TV e um dos organizadores da Mostra Nacional de Cinema de Caratinga – Olhares do Interior. Em 2020 compôs o corpo de jurados do Festival de Cinema CINEFORTE da Paraíba.

Deixe um comentário