O consciente e inconsciente do personagem

Quando assistimos a um filme, é fácil se conectar com os personagens, mas você já parou para pensar em como eles são construídos? Cada personagem tem camadas, incluindo o consciente e o inconsciente, que são muito importantes para entender suas ações e motivações.

Consciente: o que o personagem sabe

O consciente é a parte da mente onde ocorrem todos os pensamentos, sentimentos e ações dos quais estamos cientes. É onde os personagens tomam decisões racionais e processam informações de forma lógica.

No filme “Cidade de Deus”, na cena em que Buscapé decide seguir a carreira de fotógrafo, ele toma essa decisão de forma consciente. Ele analisa sua realidade, percebe os perigos ao seu redor e escolhe uma carreira que o mantenha afastado do crime. Essa decisão é deliberada e fundamentada em sua observação racional do ambiente em que vive.

Inconsciente: o que o personagem não sabe

Já o inconsciente é formado por aspectos desconhecidos para o personagem, mas que têm um grande impacto em suas ações. São sentimentos reprimidos, memórias esquecidas, desejos ocultos.

No filme “Central do Brasil”, Dora inconscientemente começa a se apegar a Josué, o menino que ela inicialmente queria abandonar. Embora ela tenha decidido conscientemente ajudá-lo a encontrar o pai, suas ações são influenciadas por sentimentos inconscientes de culpa e desejo de redenção, devido ao seu passado de enganar as pessoas que buscavam seus serviços de escrita. Esses sentimentos inconscientes moldam seu comportamento ao longo da jornada com Josué.

Importância na narrativa

Entender o consciente e o inconsciente de um personagem é como desvendar suas camadas mais profundas, revelando não apenas o que ele mostra ao mundo, mas também o que ele esconde de si mesmo. Essa compreensão é importante para criar personagens mais ricos e realistas, permitindo que o público se identifique com suas conflitos internos e desafios pessoais. Ao revelar as motivações ocultas e os desejos reprimidos, a narrativa se torna mais atraente, capturando a complexidade da experiência humana e tornando a história mais interessante.

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marciosoares

Márcio Heleno Soares é realizador de cinema, roteirista e produtor. Dirigiu os curtas Memórias de um Celular (2008), Lambari (2012), Não Há Gatos na Casa (2013), Azul Prussiano (2016). Foi produtor dos longas “O Cineasta” de Leandro Martins e “Planeta Escarlate” de Dellani Lima. Recebeu diversos prêmios incluindo o de melhor filme no Vivo Arte.Mov 2008 e Melhor Curta na Mostra Municípios do Goiânia Mostra Curtas. Seus trabalhos já foram exibidos em grandes festivais brasileiros como Festival do Rio, Tiradentes e Cine Ceará. Atualmente é diretor de produção da UNEC TV e um dos organizadores da Mostra Nacional de Cinema de Caratinga – Olhares do Interior. Em 2020 compôs o corpo de jurados do Festival de Cinema CINEFORTE da Paraíba.